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19 de março de 2024
12 de novembro de 2023
Retrospetiva (MIBE) - Apresentação de 𝐒ú𝐛𝐢𝐭𝐨
No dia 17 de outubro, na biblioteca escolar, jorraram PALAVRAS. Palavra?
Umas ditas, outras lidas. Palavras amigas, sentidas, trocadas, saboreadas, poéticas pela voz doce e encantadora de Ana Zorrinho.
Quatro turmas assistiram à apresentação de Súbito, o seu último livro de poesia. Durante a sessão, as suas palavras ecoaram e cativaram os presentes e delas, das ditas, tiraram ensinamentos, das lidas, enlevo! De todas, algumas ideias para futuros trabalhos de arte!
Bem haja Ana Zorrinho pelo sorriso, pela disponibilidade e pelas PALAVRAS.
____________súbito
Viajámos
Em súbito ímpeto de amar
Escalada sem (h)a ver chão
Num único fôlego
Súbito
Ímpeto
Um
só
a querer outro
Os dois
Sós
A quererem(-se)?
Não estar
Só...
E foi só
Queda
Súbito...Ímpeto.
13 de junho de 2023
Hoje é dia de recordar Al Berto
tentas perpetuar a forma dos dos brinquedos acesos
por um misterioso cordel de poeira luminosa
sabes como é falso o tempo das imagens
dos gestos inacabados que te evocam o rosto
perdido no confuso sémen dos sonhos
e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia
25 de abril de 2023
21 de março de 2023
11 de janeiro de 2023
11 de novembro de 2022
Tecendo Vida na escrita e na voz de Ana Zorrinho
Tecendo Vida
Com os dedos enrolam-se os fios na agulha em voltas contadas,
tece a vida, aninhada no sofá.
Tece nas voltas da vida aquela que brota em si.
Uma camisolinha de lã.
Branca…
Tão branquinha.
Sorri sozinha, os momentos seus.
Com os dedos enrolam-se os fios na agulha em voltas contadas,
tece a vida, sentada no sofá.
Tece nas voltas da vida para o que brota do que de si brotou.
Uma mantinha.
Rosa,
Tão clarinha…
Sorri sozinha, os momentos seus.
Com os dedos enrolam-se os fios na agulha em voltas contadas,
desfia a vida, arqueada no sofá.
Pranta sozinha, os momentos seus.
Histórias de um tempo só, Ana Zorrinho, Ilustrações de Raquel Ventura, Caleidoscópio
13 de junho de 2022
Al Berto - 25 anos (11.01.1948 | 13.06.1997)
18 Sábado / Fev 1984 rua do Forte / Sines
Passei a manhã a observar-me ao espelho. Procurar um indício de morte sobre o rosto, eis a minuciosa tarefa. Nada por enquanto. Nada se vislumbra. O melhor será passar o dia sentado no terraço, o mar está picado, uma dor inexplicável nas mãos. Um vómito profundo. Sinto-me demasiado pequeno para suportar o dia. E se a morte me indicasse que chegaria? Tudo se tornaria mais fácil, arrumaria com tempo os meus papéis, os meus livros e discos, escreveria as últimas vontades, deitaria fora muita coisa, e sentar-me-ia à espera.
in Diários (p. 94)
25 de abril de 2022
21 de março de 2022
13 de fevereiro de 2022
11 de janeiro de 2022
13 de junho de 2021
Quando Aqui Não Estás | Poema de Al Berto com narração de Mundo Dos Poemas
Al Berto
Nasceu a 11 Janeiro 1948 (Coimbra, Portugal) | Morreu a 13 Junho 1997 (Lisboa)o que nos rodeou põe-se a morrer
a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas
um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz
quero morrer
com uma overdose de beleza
e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador
7 de junho de 2021
21 de março de 2021
Dia Mundial da Poesia
As Mãos Pressentem
As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar
ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada
Al Berto
17 de setembro de 2020
25 de abril de 2020
11 de janeiro de 2020
6 de novembro de 2019
Sugestão de leitura
2 de novembro de 2019
Centenário do nascimento de Jorge de Sena
Os Trabalhos e os Dias
Sento-me à mesa como se a mesa fosse o mundo inteiro
e principio a escrever como se escrever fosse respirar
o amor que não se esvai enquanto os corpos sabem
de um caminho sem nada para o regresso da vida.
À medida que escrevo, vou ficando espantado
com a convicção que a mínima coisa põe em não ser nada.
Na mínima coisa que sou, pôde a poesia ser hábito.
Vem, teimosa, com a alegria de eu ficar alegre,
quando fico triste por serem palavras já ditas
estas que vêm, lembradas, doutros poemas velhos.
E os convivas que chegam intencionalmente sorriem
e só eu sei porque principiei a escrever no princípio do mundo
e desenhei uma rena para a caçar melhor
e falo da verdade, essa iguaria rara:
este papel, esta mesa, eu apreendendo o que escrevo.