Para assinalar os 100 anos do nascimento de Sophia nada melhor do que ler a sua obra. Volto regularmente à sua poesia. Tudo nela faz sentido. É uma poesia sensível, escrita de forma clara, com palavras certas e concretas. Neste primeiro volume, o mar cruza a sua obra. O mar como lugar de liberdade. O mar associado a outros elementos como praia, noite, jardim, deuses, heróis, cidade (como oposição, como “vida suja”), casa, vento, sentimentos, poemas…
As ondas quebraram uma a uma
Eu estava só com a areia e a espuma
Do mar que cantava só pra mim.
Aparentemente simples, a sua escrita capta o real, é crítica e interventiva. Claro que a sua interpretação é subjetiva, depende de quem lê e de como se lê. Porém, surpreendente e emocionante porque o leitor, apesar da sua interpretação não consegue discernir o real do imaginado.
Esgotei o meu mal, agora
Queria tudo esquecer, tudo abandonar
Caminhar pela noite fora
Num barco em pleno mar.
Mergulhar as mãos nas ondas escuras
Até que elas fossem essas mãos
Solitárias e puras
Que eu sonhei ter.
Recomendo-vos Sophia! Eu, voltarei! Porque gosto do seu apelo!
Nas praias que são o rosto branco das amadas mortas
Deixarei que o teu nome se perca repetido
Mas espera-me:
Pois por mais longos que sejam os caminhos
Eu regresso.
Graciosa Reis
Professora Bibliotecária
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