6 de novembro de 2019

Sugestão de leitura



Para assinalar os 100 anos do nascimento de Sophia nada melhor do que ler a sua obra. Volto regularmente à sua poesia. Tudo nela faz sentido. É uma poesia sensível, escrita de forma clara, com palavras certas e concretas. Neste primeiro volume, o mar cruza a sua obra. O mar como lugar de liberdade. O mar associado a outros elementos como praia, noite, jardim, deuses, heróis, cidade (como oposição, como “vida suja”), casa, vento, sentimentos, poemas… 

As ondas quebraram uma a uma 
Eu estava só com a areia e a espuma 
Do mar que cantava só pra mim. 


Aparentemente simples, a sua escrita capta o real, é crítica e interventiva. Claro que a sua interpretação é subjetiva, depende de quem lê e de como se lê. Porém, surpreendente e emocionante porque o leitor, apesar da sua interpretação não consegue discernir o real do imaginado. 

Esgotei o meu mal, agora 
Queria tudo esquecer, tudo abandonar 
Caminhar pela noite fora 
Num barco em pleno mar. 

Mergulhar as mãos nas ondas escuras 
Até que elas fossem essas mãos 
Solitárias e puras 
Que eu sonhei ter. 

Recomendo-vos Sophia! Eu, voltarei! Porque gosto do seu apelo! 

Nas praias que são o rosto branco das amadas mortas 
Deixarei que o teu nome se perca repetido 

Mas espera-me: 
Pois por mais longos que sejam os caminhos 
Eu regresso.


Graciosa Reis
Professora Bibliotecária

Sem comentários:

Enviar um comentário

É muito importante, para quem faz a gestão deste blogue, ter a sua opinião sobre os artigos publicados. Participe!! Deixe o seu comentário!!