27 de janeiro de 2015

Libertação de Auschwitz - 70 anos



Para marcar os 70 ano da libertação de Auschwitz ficam  quatro sugestões de leituras.




Sinopse

"Auschwitz-Birkenau, o campo do horror, infernal, o mais mortífero e implacável. E uma jovem que teima em devolver a esperança. Sobre a lama negra de Auschwitz, que tudo engole, Fredy Hirsch ergueu uma escola. Num lugar onde os livros são proibidos, a jovem Dita esconde debaixo do vestido os frágeis volumes da biblioteca pública mais pequena, recôndita e clandestina que jamais existiu. No meio do horror, Dita dá-nos uma maravilhosa lição de coragem: não se rende e nunca perde a vontade de viver nem de ler porque, mesmo naquele terrível campo de extermínio nazi, «abrir um livro é como entrar para um comboio que nos leva de férias»".





Sinopse


Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 9º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada 


"Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura."





Sinopse



Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 3.º ciclo, destinado a leitura autónoma.

"Bruno, de nove anos, nada sabe sobre a Solução Final e o Holocausto. Não tem consciência das terríveis crueldades que são infligidas pelo seu país a vários milhões de pessoas de outros países da Europa. Tudo o que ele sabe é que teve de se mudar de uma confortável mansão em Berlim para uma casa numa zona desértica, onde não há nada para fazer nem ninguém para brincar. Isto até ele conhecer Shmuel, um rapaz que vive do outro lado da vedação de arame que delimita a sua casa e que estranhamente, tal como todas as outras pessoas daquele lado, usa o que parece ser um pijama às riscas."







Sinopse

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 8º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada 


"Numa escrita inexcedivelmente sóbria e transparente, e através de breves episódios, este romance conduz-nos em crescendo de emoção desde a primeira infância rural de uma judia na Alemanha, pelos finais da Primeira Grande Guerra Mundial, até ao avolumar de crises (inflação, desemprego, assassínio de Rathenau, aumento da influência e vitória dos Nazistas) que por fim a obrigam ao exílio mesmo na eminência de um destino trágico num campo de concentração. Há uma felicíssima imagem simbólica de tudo, que é a do lento avançar de uma trovoada que acaba por estar "mesmo em cima de nós". Assistimos aos rituais judaicos públicos e domésticos, a uma clara atracção alternativa entre a emigração para os E.U. e o sionismo. Fica-se simultaneamente surpreendido pela correspondência e pelas diferenças entre o adolescer e o viver adulto em meios culturais muito diversos, pois há relances de vida religiosa luterana, católica e de agnosticismo à margem da experiência judaica ortodoxa. Perpassam figuras familiares de recorte nítido: os avós da aldeia, o pai, negociante de cavalos, desfeitado por anti-semitas e falecido de cancro, os tios progressistas Franz e Maria, o avô Markus, a amorável avozinha Ester (Kleine Oma), Paul (o jovem quase-namorado que se deixa intimidar pelo ambiente), Kurt (o jovem enamorado assolapado, culto e firme nas suas convicções). A acção é desfiada numa sucessão de fases biográficas progressivamente dramáticas - e nós acabamos por participar afectivamente de um destino ao mesmo tempo muito singular e muito típico, que bem nos poderia ter cabido. Um romance de características únicas na leitura portuguesa - e emocionalmente certeiro". 
Óscar Lopes




12 de janeiro de 2015

Devemos impor aos jovens um determinado tipo de leitura? de autor?




"Para uma relação viva do leitor com a literatura universal é, importante que ele se conheça a si próprio e, consequentemente, que conheça as obras que agem sobre ele num modo particular, evitando seguir um qualquer esquema ou programa cultural. A via que ele tem de percorrer é aquela do amor, não aquela do dever. O facto de nos obrigarmos a ler uma obra-prima só porque é celebérrima e nos envergonhamos de ainda não a conhecermos seria um grave erro. Cada um de nós deve começar a ler, conhecer e amar aquilo que lhe suscita espontaneamente essa vontade.

Uma pessoa irá descobrir dentro de si o amor pelos belos versos desde os primeiros anos da escola, outra descobrirá o amor pela história ou pelas lendas da sua pátria, outra, talvez o gosto pelos cantos populares, e outra ainda achará atraente e deliciosa a leitura daquelas obras nas quais ela vê serem observados com exactidão e interpretados com uma inteligência superior os nossos sentimentos mais íntimos. As vias são inumeráveis. 
É possível começar pelo livro de leitura escolar ou pelo almanaque, para acabar em Shakespeare, em Goethe ou em Dante.

Não devemos querer domar com a força ou a paciência uma obra sobre a qual ouçamos muitas loas, que tentamos ler, mas não nos agrada, que nos opõe resistência e nos proíbe o acesso; é melhor repô-la onde estava. Por isso, não é necessário convidar e exortar com demasiada insistência os jovens e os muito jovens a uma determinada leitura; deste modo, arriscamo-nos a fazer com que os mais belos livros do mundo, ou melhor, a verdadeira leitura em geral, lhes pareçam odiosos para toda a vida. 

Cada um deve começar onde um poema, um canto, um conto, uma observação lhe tenham agradado e, partindo daí, ele deve ir à procura de coisas semelhantes."

Hermann Hesse, Uma Biblioteca da Literatura Universal.