24 de abril de 2023

Concurso Nacional de Leitura - fase intermunicipal - Alcácer do Sal



No dia 21 de abril aconteceu mais um dia de Festa da Leitura e foi, sobretudo, um dia de emoções!

Pelas 8h00, a comitiva das escolas de Sines composta por 16 alunos, do 3.º ao 11.º anos, três professoras bibliotecárias e uma bibliotecária municipal rumou em direção a Alcácer do Sal numa carrinha gentilmente cedida pela Câmara Municipal de Sines.
A viagem correu bem e no Auditório, local de realização de sonhos, dirigimo-nos à receção para cumprir as formalidades necessárias e aí aguardámos ansiosamente o início das atividades, ou seja, a tão amaldiçoada prova escrita que teria carater eliminatório.
Até aqui, todos os sonhos permaneciam vivos e realizáveis!

Mas, eis que surge o momento da chamada ... 1.º ciclo, 2.º ciclo, 3.º ciclo, secundário... Entram todos e as portas fecham-se...
Alunos, lá dentro! Ansiosos, nervosos, uns mais que outros... Cá fora, as professoras! Também ansiosas, também nervosas...
Trinta minutos volvidos, abrem-se as portas (as mesmas) e vemos sorrisos, olhos brilhantes, mas não em todos... rapidamente, percebemos que o nervosismo tomou conta da caneta de alguns e desviou a cruz (X) para a opção errada, neles o sorriso estava ausente ou forçado e os olhos espelhavam tristeza. Então, os mais fortes tratam de confortar os mais fragilizados, os mais inseguros e, todos, acalentamos, de novo, a esperança!

De seguida, não havendo proposta de animação pela organização, decidimos ir ver o rio. Juntos, unidos, confiantes partimos à descoberta de Alcácer...
E é, neste momento, que o improvável, ou talvez não, acontece! Os alunos mais velhos acarinham e cuidam dos mais novos, dão as mãos, caminham lado a lado, conversam, brincam juntos... É bonito! Tão bonito! As professoras sentem orgulho no grupo criado em torno da leitura.
Meio-dia, é tempo de alimentar o corpo para dar força à alma e repor energias para a etapa mais apetecida - a subida ao palco.
Na escola Básica Pedro Nunes somos bem recebidos, almoçamos tranquilamente e regressamos au auditório. Aí, enquanto esperamos, há quem leia os textos mais uma, duas,... as vezes necessárias, quem treine a entoação, ... quem ocupe o tempo com o telemóvel, quem converse animadamente...

14h30! Hora de decisões! "Será que serei um dos cinco apurados, por ciclo, para subir ao palco para prestar as provais orais?" Esta é a pergunta que cada um se coloca quando passa pelas portas e se dirige ao lugar na plateia.
Aguardamos, sentados, desta vez confortavelmente, mas uns mais animados que outros...

O animador dá início às atividades e começa a chamar os cinco apurados do 1.º ciclo. E o grupo entra em euforia, Sines está presente quer neste ciclo quer em todos os restantes! Não falhamos nenhum. Temos representantes nos 4 ciclos. O grupo aplaude antes, na subida ao palco, depois de cada atuação (leitura e argumentação).

Como o tempo voa... Já está! Agora, é tempo do jurado deliberar e do animador de serviço, o "pior" contador de histórias, o argentino Rodolfo Castro, animar o público e tentar aliviar a ansiedade dos que aguardam o veredito.
Eu mantive-me confiante, senti, de imediato, que a Margarida e a Sara iam subir ao palco para receberem o tão desejado certificado que as colocaria na final. Foram maravilhosas. Leram exemplarmente com emoção e argumentaram calma e sabiamente. Quando assim acontece, a vitória é certa!

Chega, finalmente, o momento tão sonhado! Rodolfo começa pelo secundário e chama os dois candidatos apurados: Sara Moreira, obviamente, era um dos nomes; continua a chamada do 3.º ciclo e lá vai a nossa Margarida Carreira! Fabuloso! A ESPAB ficou muitíssimo bem representada. Parabéns! Sois brilhantes! tenho orgulho em vós!

Segue o 2.º ciclo, Sines continua em grande. Os dois lugares são preenchidos pela Matilde e pela Núria, ambas do Agrupamento de escolas. Foi o delírio! O grupo eufórico, aplaude e sorri... Dos oito candidatos apurados para a final, nesta fase intermunicipal, a tão desejada final, Sines apurou quatro.
Parabéns! Desta vez foram só meninas.

Obrigada, Vasco, Beatriz, Fábio e Rita por terem tão bem representado a nossa escola. Nem todos podem vencer, já o sabíamos, mas chegar até aqui é muito bom e ser leitor é ainda melhor! Vamos apoiar as nossas meninas a brilhar na final! Conto convosco!

Sou igualmente grata aos alunos participantes do Agrupamento de Escolas de Sines que se uniram e aplaudiram os alunos da nossa escola; às professoras de português que aceitaram entrar nesta aventura; à direção da escola que nos apoiou em tudo; aos membros do júri, nas diferentes fases do concurso (é o trabalho mais inglório); à equipa do Centro de Artes e da Biblioteca Municipal; à Câmara Municipal de Sines; à nossa coordenadora das bibliotecas escolares, Lucinda Simões, sempre presente, sempre disponível; às minhas companheiras de luta, as professoras bibliotecárias e claro à minha equipa fantástica. Sem elas não teria levado esta iniciativa a bom porto. Não me levem a mal, mas vou citar os seus nomes: Cristina Vilhena, Noélia Carrasquinho, Cláudia Pedrosa, Quitéria Gaspar Gaspar e @Alexandra Baião.

Agora, rumo à final! Contamos convosco para a nova e última fase.
Daremos notícias.

A professora bibliotecária, Graciosa Reis
















17 de abril de 2023

Um Livro, Uma Comunidade - Tertúlia


No dia 29 de março, realizou-se a quarta  tertúlia do ano letivo, tendo a conversa e a partilha de leituras incidindo sobre as obras do escritor João Pinto Coelho, uma vez que contaremos com a sua presença no dia 26 de maio. Facultaremos mais informação em tempo útil.  

Contudo, esta tertúlia saiu um pouco fora da norma, uma vez que havendo duas "tertuliantes" que festejavam o seu aniversário, fomos surpreendidos pela voz suave e incomparável da Ana Zorrinho que leu dois poemas: um de António Gedeão e outro da Natália Correia. Foi um momento emocionante.

Estiveram presentes quatro alunos, uma encarregada de educação, uma assistente operacional, nove docentes, uma técnica especializada, uma psicóloga, uma ex-aluna e uma ex-professora.
A conversa foi animada e motivadora porque quantos mais leitores, mais diversas são as partilhas e enriquecedoras porque todas diferentes.  Para alguns dos presentes foi a descoberta do autor para outros foi o reanimar a memória de livros lidos anteriormente. 
Finalizou-se a tertúlia com chá e dois deliciosos bolos e como também é habitual, para este momento surgem sempre mais uns pretensos "tertuliantes".   


Para a tertúlia de maio, vamos ler romances históricos. A equipa apresentará algumas sugestões.



Opinião 


Mãe, Doce Mar, de João Pinto Coelho



João Pinto Coelho é cada vez mais um dos meus autores de eleição. Já me (nos) habitou a romances fortes, emotivos, marcantes e com finais surpreendentes, pelo que peguei neste livro com uma enorme expectativa porque era o seu novo livro que aguardava com ansiedade e porque já havia ecos muito positivos e que anunciavam novidades, mudança de tema. Mais curiosa e expectante fiquei quando o ouvi no Café com Letras.

Em Mãe, Doce Mar, o autor transporta-nos para o seu mundo, para o seu íntimo. E percebemos, de imediato, logo na primeira frase, que não ficaremos indiferentes à nova narrativa de JPC.
“Tinha doze anos quando conheci a minha mãe – esta frase dá para tudo, até para abrir um romance.
E, no meu caso, é verdade.”

E, assim, com um aperto no coração partimos à descoberta de Noah, de Frank e de Patience. A cada uma destas personagens, o autor dedicou capítulos próprios, que nos revelam, na primeira pessoa, flashes importantes das suas vidas e que, apenas, no final encaixam de forma surpreendente e fascinante.
O autor é exímio na construção do seu enredo, quando pensamos que nos vai revelar algo, ei-lo que trava e que cria uma pausa que nos deixa suspensos e nos força a ler e a ler numa busca incessante e que se vai tornar avassaladora. Eis um exemplo: “Não quero ir mais longe, revelar se o seu [da mãe] abraço teve o aperto perfeito ou até se aquelas lágrimas foram um caudal de culpa ou outra coisa qualquer.” (p. 9)

Sendo um romance autobiográfico nem sempre é fácil discernir onde entra a ficção. Também não faço questão de o saber. Não é importante. O que interessa mesmo é absorver a história que nos é narrada, desfrutar do poder e da força da escrita, sentir o prazer de uma boa leitura.

João Pinto Coelho neste romance enveredou por um novo caminho, saiu da sua zona de conforto conquistada merecidamente com três romances fabulosos, e não desiludiu. Pelo contrário, veio confirmar que é detentor de uma escrita bela, trabalhada como se de uma escultura se tratasse. Uma escrita sincera, extremamente humana que revela dramas, sofrimento, solidão,… neste caso, distancia-se do sofrimento colectivo para se centrar no “eu”. E que bem o fez. Como soube usar a metáfora do mar, ora calmo e contemplativo, ora tempestuoso para evidenciar os estados de alma das personagens.

Para concluir, resta-me sossegar JPC e dizer-lhe que pode continuar a confiar nos seus leitores, que, atentos, saberão ler nas entrelinhas, mesmo naquilo que não foi dito e que as luzes ficaram acesas. Brilhantes. Flamantes.

Graciosa Reis