30 de novembro de 2013

Fernando Pessoa





No dia em que comemoram os 78 anos da morte de Fernando Pessoa, no dia em que se comemoram os 20 anos da Casa Fernando Pessoa e no ano em que se comemoram os 125 anos do seu nascimento, um poema para homenagear o poeta.


Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos,
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
e quando havia gente era igual á outra.
saio da janela, sento-me numa cadeira. em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

(...)

Álvaro de Campos, Poesia



Press Release for World AIDS day


Vem aí o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA e a equipa de investigação Aventura Social da Universidade de Lisboa vai divulgar um Press Release com a posição portuguesa dos resultados da investigação nos adolescentes portugueses (em comparação com os outros adolescentes europeus). Trata-se de um estudo com representatividade nacional, inserido numa rede de 43 países, o Health Behaviour in School-aged children / WHO.

Para mais informação: http://www.hbsc.org/

Relatório Internacional 2009/10: http://www.hbsc.org/publications/international/

Site português: http://aventurasocial.com/




24 de novembro de 2013

Recolha de documentos para construção do espólio documental da escola


Se tiver documentos sobre a escola, artigos de jornais, fotografias, guiões de atividades, cartazes.... e se quiser contribuir para a construção do seu espólio documental, pode entregá-los na biblioteca da escola.

A escola agradece!

21 de novembro de 2013

Resultados da atividade "Bibliopaper"



No dia 28 de outubro - dia das bibliotecas escolares -  realizou-se para as turmas do 7.º ano um "Bibliopaper" na biblioteca escolar.

Os vencedores, por turma, da atividade são os seguintes:

7.ºA - grupo constituído por Ana Simão; Ariana Cabral, Beatriz Franco e Miriam Borges

7.ºB - grupo constituído por Mariana Pinela, Marta Ramalho e Vanessa Ferreira

7.ºC - grupo constituído por Andrei Pintea e Íris Lima

Os alunos participantes responderam a um inquérito de satisfação para avaliarem de 1 a 5  a atividade e o resultado  foi o seguinte:



9 de novembro de 2013

Possíveis leituras para preparação da sessão "Olhares sobre Al Berto" com a escritora Golgona Anghel


Estas são as obras publicadas pela nossa convidada. A sessão vai acontecer no dia 20 de novembro, pelas 11 horas.



- Eis‐me acordado muito tempo depois de mim, uma biografia de Al Berto (Quasi Edições, 2006) 




"Eis-me acordado muito tempo depois de mim, de Golgona Anghel, é um livro/biografia que captura a poética e o esplendor da vida/escrita de Al Berto, registos desenvolvidos com vivacidade. São retratos, leituras irónicas honestas, informativas e obtusas, fragmentos do real e do mundo ficcional, retratos para serem apreciados ou devorados feito a escritura do biografado. A biógrafa soube, delicadamente, mapear as várias vidas numa só de Alberto Raposo Pidwell Tavares." (Rodrigo da Costa Araújo)


Cronos decide morrer, Leituras do tempo em Al Berto (Língua Morta, 2013). 


"INSTANTE OU PROCESSO, passagem ou passamento, experiência em negativo do ser, impossibilidade, excepçãp ou hábito, a angústia perante o desconhecido ou a culpa do sobrevivente, temporária ou eterna, grito ou apenas um rumor de fundo, são algumas das caras rotineiras que a cabeça da morte vai ensaiando. Mas de que modo isso se dá na obra de Al Berto?" (Golgona Anghel)


- Edição  dos Diários do poeta Al Berto (Assírio &Alvim, 2012). 

"Editamos textos que não foram preparados para a edição pelo autor. Vamos mostrar o registo diário de algo que servia para um uso pessoal e íntimo. Estamos perante um corpus que se expõe a si mesmo, que se dá no ritmo efervescente da criação mas também na sua fragilidade, na dúvida, no inacabado." (Golgona Anghel)

-  Crematório Sentimental - Guia de Bem-Querer (Quasi Edições, 2007)




"O presente Guia de Bem-Querer deve ser entendido como um instrumento de trabalho elaborado com o objectivo de pemitir às partes apresentar os seus articulados e alegações orais na observância das formalidades que o Código do Trabalho Poético considera mais adequadas. Ao mesmo tempo será dado destaque à prática processual seguida pelo Poeta. Em contrapartida, este Guia não se destina a dar instruções estilísticas nem a substituir o corpo das disposições em vigor. (...) o Guia não garante sucesso absoluto nem se responsabiliza pelas eventuais relações contenciosas a decorrer da aplicação do mesmo."





-  Vim porque me pagavam, (Mariposa Azual, 2011)






VIM PORQUE ME PAGAVAM,
e eu queria comprar o futuro a prestações.

Vim porque me falaram de apanhar cerejas
ou de armas de destruição em massa.
Mas só encontrei cucos e mexericos de feira,
metralhadoras de plástico, coelhinhos de Páscoa e pulseiras
de lata.

(...)


-  Como uma flor de plástico na montra de um talho (Assírio &Alvim,2013)




ENCONTRADO NUM CONTENTOR DE RUA,
sem cavalo e sem reino,
o músico,
quase cego, quase surdo,
começa o seu turno,
ainda perseguido pela última garrafa de tinto.


(...)

___________________________


Golgona Anghel nasceu na Roménia, em 1979, mas vive há anos em Portugal, onde estabeleceu residência. Licenciou‐se (2003) em Estudos Portugueses e Espanhóis na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é pós-graduada em Estudos Europeus - Direito Comunitário (2004), vertente jurídica, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e doutorada (2009) em Literatura Portuguesa Contemporânea , na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 
O tema da sua tese foi A Metafísica do Medo - Leituras da Obra de Al Berto.




7 de novembro de 2013

Ondjaki vence Prémio José Saramago


Angolano Ondjaki vence Prémio José Saramago
                foto STEVEN GOVERNO / GLOBAL IMAGENS


O escritor angolano Ondjaki, de 36 anos, com o romance Os transparentes, é o vencedor do Prémio José Saramago 2013.

É a oitava edição do galardão, instituído pela Fundação Círculo de Leitores, que distingue autores com obra editada em língua portuguesa, no último biénio, menores de 35 anos à data de publicação da obra.

«Este prémio não é meu, este prémio é de Angola», refere o escritor.

A obra Os Transparentes foi publicada em 2012 pela Editorial Caminho e, segundo Vasco Graça Moura, surpreende pela «maneira como a sua utilização da língua portuguesa é, não só capaz de captar com a maior naturalidade as mais diversas situações num contexto social tão diferente do nosso, mas comporta em si mesma fermentos de uma inovação que espelha com força e realismo um quotidiano vivido na sua trepidação e também funciona eficazmente ao restituí-lo no plano literário».

Ondjaki, pseudónimo literário de Ndalu de Almeida, publicou o seu primeiro livro, de poesia, actu sanguíneu, em 2000.  

O nome de Ondjaki junta-se agora ao de Paulo José Miranda, José Luís Peixoto, Adriana Lisboa, Gonçalo M Tavares, Valter Hugo Mãe, João Tordo e Andréa del Fuego, que viram também livros seus premiados com este galardão.


Obras:

- Actu Sanguíneu (poesia, 2000)
- Bom Dia Camaradas (romance, 2001)
- Momentos de Aqui (contos, 2001)
- O Assobiador (novela, 2002)
- Há Prendisajens com o Xão (poesia, 2002)
- Ynari: A Menina das Cinco Tranças (infantil, 2004)
- Quantas Madrugadas Tem A Noite (romance, 2004)
- E se Amanhã o Medo (contos, 2005)
- Os da minha rua (contos, 2007)
- AvóDezanove e o segredo do soviético (romance, 2008)
- O leão e o coelho saltitão (infantil, 2008)
- Materiais para confecção de um espanador de tristezas (poesia, 2009)
- Os vivos, o morto e o peixe-frito (ed. brasileira / teatro, 2009)
- O voo do Golfinho (infantil, 2009)
- dentro de mim faz Sul, seguido de Acto sanguíneo (poesia, 2010)
- “a bicicleta que tinha bigodes” (juvenil, 2011)
- Os Transparentes (romance, 2012)
- Uma escuridão bonita (juvenil, Brasil/Portugal, 2013)




6 de novembro de 2013

Sophia no dia do seu aniversário


                                                                       Foto retirada da net

MAR SONORO 

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim. 
A tua beleza aumenta quando estamos sós 
E tão fundo intimamente a tua voz 
Segue o mais secreto bailar do meu sonho. 
Que momentos há em que suponho 
Seres um milagre criado só para mim. 

Sophia de Mello Breyner Andresen

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Sophia de Mello Breyner Andresen nasce a 6 de novembro 1919 no Porto, onde passa a infância. Entre 1936 e 1939 estuda Filologia Clássica na Universidade de Lisboa. Publica os primeiros versos em 1940, nos Cadernos de Poesia.

Autora de catorze livros de poesia, publicados entre 1944 e 1997, escreve também contos, histórias para crianças, artigos, ensaios e teatro.


Sophia de Mello Breyner Andresen faleceu a 2 de julho de 2004, em Lisboa.