13 de junho de 2023

Hoje é dia de recordar Al Berto

 


no exíguo espaço do corpo ou da casa
tentas perpetuar a forma dos dos brinquedos acesos
por um misterioso cordel de poeira luminosa

sabes como é falso o tempo das imagens
dos gestos inacabados que te evocam o rosto
perdido no confuso sémen dos sonhos

e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia

Al Berto, in o livro dos regressos


4 de junho de 2023

Balanço de uma professora bibliotecária sobre a 16.ª edição do CNL


Quem me conhece pessoal e profissionalmente e quem me acompanha nas redes sociais sabe que sou uma entusiasta da promoção da leitura. Leio com prazer, partilho e publico leituras e opiniões, sugiro autores e livros, promovo tertúlias, atividades de leitura, convido autores, participo em clubes de leitura, envolvo os alunos a participar em concursos de leitura. Por tudo isto, não posso calar o que senti e o que presenciei na fase final desta edição do Concurso Nacional de leitura (CNL)!
Comecemos pelo início, já que se trata de um balanço.

O CNL promovido pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) desenvolve-se em várias fases: escolar, municipal, intermunicipal e nacional. Os professores bibliotecários em articulação com os professores titulares e/ou professores de português empenham-se, ao longo do ano, em motivar, apoiar e envolver os alunos na leitura, para não falar de toda a burocracia inerente ao evento. Todos nos envolvemos com agrado e sentimos orgulho cada vez que um dos nossos alunos lê publicamente e, ainda mais, quando passa à fase seguinte. Vivemos e partilhamos emoções fortes! Nunca nos consideramos derrotados. Participar é sempre uma conquista!

Em relação às três primeiras fases, não me vou alongar, até porque já me pronunciei sobre uma delas, quero apenas referir e destacar que nestas fases houve festa da Leitura!
Não concordando eu, e é uma opinião muito pessoal, que a prova escrita seja critério de eliminação, o que aconteceu na fase intermunicipal, consigo compreender e aceitar este critério, uma vez que os alunos apurados para esta fase realizaram a prova em circunstâncias de equidade, ou seja, estiveram todos numa sala a resolver a prova, entregues a si próprios, na presença de vigilantes imparciais.

Quanto à prova nacional, a que me leva a fazer este longo balanço, é constituída por três provas: a prova escrita, a prova de vídeo e a prova de palco e destina-se aos alunos apurados na fase intermunicipal.

A prova escrita, tal como na fase intermunicipal, foi de pré-seleção, isto é, eliminatória. No dia 15 de maio, às 14h00 as alunas envolvidas realizaram a dita prova, em linha, na presença da professora bibliotecária (eu, no caso). E é aqui que começa a minha contestação. Não considero que a prova tenha sido realizada em linha, mas sim no digital. As alunas acederam à prova no GoogleForms, preencheram os dados, redigiram o texto solicitado e submeteram. As alunas , sob a minha vigilância, redigiram de forma autónoma e responsável o texto solicitado, mas será que foi assim em todas as escolas? Como se pode garantir a equidade? Como se pode garantir que os textos foram mesmo redigidos pelos alunos? A dúvida subsistirá sempre na minha mente, sobretudo depois de ter assistido à final, em Torres Vedras.
A prova de vídeo foi uma desilusão. A votação em linha, no Youtube, dos vídeos selecionados tornou a iniciativa num logro. Mas, provavelmente, que o problema está em mim e na minha escola que não soube votar na sua candidata. Contudo, nada me impede de questionar a seriedade da votação.

Finalmente, chegou o dia da tão desejada prova de palco. Todos os alunos finalistas (do primeiro ciclo ao ensino secundário), professores bibliotecários e pais se dirigiram ao local dos sonhos! Todos os alunos presentes ambicionavam subir ao palco e ler, celebrar a leitura!
Ciclo a ciclo, José Carlos Malato, o apresentador, chama os alunos apurados. Aqueles que foram apurados a partir da tal prova escrita realizada em condições muito sui generis.
Foi uma desilusão. Certamente que há melhores alunos leitores nas nossas escolas!
Na minha opinião, o que deveria ser uma Festa da LEITURA, tornou-se, nesta edição, numa Feira de enganos! Tanta desilusão! Tanto desconforto! Tanta desorganização! (não quero debruçar-me sobre a (des)organização do evento local, porque tornaria este texto ainda mais longo).
Até o senhor Presidente da República preferiu marcar presença na Feira da Agricultura em detrimento da Festa da Leitura. Sabe-se lá porquê!
Não podemos esquecer que estamos a formar crianças e jovens, a transmitir valores, a promover e a desenvolver hábitos de leitura! Assaltaram-me muitas dúvidas que gostaria de não ter nas próximas edições.
Para terminar, e porque pretendo realçar a importância da Leitura, quero destacar o envolvimento e o empenho dos nossos alunos ao longo das diversas fases, mas, em especial, das alunas presentes na fase final, a Margarida e a Sara. Foi um percurso longo, que lhes facultou aprendizagens de vária ordem, boas e más. Não subiram ao palco, mas garanto que desenvolveram um trabalho honesto e sério. Foram elas que escreveram o texto da prova escrita. Foram elas que escolheram o livro, prepararam a apresentação e realizaram o vídeo. Foram elas, ainda, que selecionaram a obra e redigiram a argumentação para a prova de palco. Uma escolheu um poema de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa e a outra, um poema de Al Berto. As professoras apenas orientaram e deram sugestões de melhoria. Garanto-vos que não contribuíram para a feira de enganos! E garanto-vos, também, que são ambas excelentes leitoras!

Assim, Margarida e Sara dou-vos os Parabéns! Continuem a alimentar os vossos sonhos! Permaneçam fiéis às vossas convicções. Leiam, sejam curiosas e críticas! Para mim, sois as grandes vencedoras deste concurso.

Graciosa Reis, professora bibliotecária





1 de junho de 2023

Encontro com o escritor João Pinto Coelho

 

No dia 26 de maio, alunos, professores e assistentes encheram a biblioteca escolar para ouvirem e conversarem com o nosso convidado, o escritor João Pinto Coelho.
Joaquim Gonçalves, o livreiro de A das Artes, que inspirou o autor na criação da personagem Yankel, o livreiro de Os Loucos da Rua Mazur, abriu a sessão. O Joaquim foi um dos primeiros leitores a acreditar na potencialidade da escrita do João Pinto Coelho, tendo-o convidado para promover e falar dos seus livros na sua livraria.

Foram cerca de duas horas de conversa. O João como excelente comunicador, deu-nos a todos uma verdadeira aula de História. Foi enriquecedor e emotivo o relato do seu percurso de investigação sobre o Holocausto, sobre a universalidade do mal, ou como referiu Hannah Arendt, sobre a banalidade do mal. Foi este conhecimento apurado dos factos que lhe permitiu escrever de forma sublime, na minha opinião, os seus três primeiros livros que abordam esta temática.
Ficamos também a saber que o seu quarto livro, Mãe doce mar, não segue este tema e é um misto de autobiográfico e ficção.

Após a conversa, houve autógrafos e algumas fotografias.

Agradecemos ao João Pinto Coelho a sua simpatia e disponibilidade. As opiniões foram muito positivas e conquistou mais alguns leitores. 
















22 de maio de 2023

Aquilino Ribeiro - Celebração dos 60 Anos da sua morte



No passado dia 20 de abril, pelas 10:30H, inserido nas comemorações dos 60 anos da morte do escritor Aquilino Ribeiro, a Biblioteca da Escola Secundária Poeta Al Berto promoveu uma conversa sobre o romancista e contou com a presença do neto, Aquilino Machado, e da investigadora e coordenadora das comemorações, professora Celina Arroz.
A atividade foi dirigida aos alunos de Línguas e Humanidades do 12.º ano e contou, ainda com a participação de duas alunas do 10.º C que compuseram o texto que a seguir publicamos.


Aquilino Ribeiro

Celebração dos 60 Anos da sua morte



Aquilino Gomes Ribeiro, (13 de setembro de 1885, Sernancelhe, Viseu - 27 de maio de 1963, Lisboa), nascido da união entre um padre e uma camponesa, sendo o último dos quatro filhos do casal, revelou-se uma grande presença na literatura portuguesa.

O seu neto, Doutor Aquilino Machado, fala sobre o seu avô na biblioteca da Escola Secundária Poeta Al Berto em prol da celebração dos 60 anos da sua morte.

Aquilino Ribeiro é natural de uma terra humilde, descrita pelo seu neto como “paisagem pobre”, na Beira Alta, onde vivia num seio familiar onde existia uma mãe analfabeta, o que é curioso já que Aquilino tinha “uma cultura muito vasta mas estava com aqueles com quem cresceu e viveu”. Aquilino Machado descreve o seu avô como “um beirão com personalidade muito forte [...] tinha uma prosa fascinante, era fácil de ler, com uma personalidade muito marcada, era um homem do povo” e refere que sente “o peso de ser neto de um escritor com grande relevância”.

Com 18/19 anos, Aquilino vai para Lisboa onde procura lutar pelos valores da República, segundo o seu neto, "sendo um homem do campo, queria aprender mais e defender valores democráticos”. Aquilino Machado refere que o seu avô era um homem com grande cultura, que falava várias línguas, como, francês, espanhol e italiano, sabendo ainda ler latim.

Apesar de ser filho de um padre e ter tido uma educação católica, Aquilino Ribeiro nunca batizou os seus filhos, o seu neto diz ainda: “Tem uma escrita franciscana, dava-se bem com a Igreja apesar de ter lutado contra ela”.

Em épocas de Estado Novo, em Paris, Aquilino conhece a sua primeira mulher, uma alemã, aluna de uma universidade parisiense, e com ela tem um filho, Aníbal Aquilino Ribeiro. Dá-se a Primeira Guerra Mundial e a sua mulher acaba por falecer num movimento antiestado novo; pouco tempo depois Aquilino conhece e casa com a sua segunda mulher, avó de Aquilino Machado. No final dos anos trinta até aos anos cinquenta, Aquilino encontra estabilidade e escreve de forma corrente, Aquilino Machado refere a liberdade que, para seu avô, era apenas encontrada na escrita (“Sofre por escrever e ser sempre livre, era através da escrita que o meu avô era livre.”). A sua escrita, na época, é descrita pelo seu neto como “escrita que fica para sempre, há uma dimensão cívica, muito interessante”.

A escrita de Aquilino é retratada como “difícil” pelo seu neto, este refere ainda que descobriu a escrita do seu avô tarde e conheceu-o através da sua avó (“Conheci o meu avô através da oralidade da minha avó, algo que me facilitou a entrada no unir do Aquilino”). Como Aquilino viveu nos séculos XIX e XX, onde os tempos eram outros, Aquilino Machado diz: “O Aquilino narra um mundo que já desapareceu [...] fala sobre um mundo que já não é o nosso, não só as palavras, mas também a paisagem [...], é um autor que fala sobre a ruralidade, o campo, retrata a vivência de um homem do campo”.

Apesar de hoje já não existir tanto destaque para o incrível escritor que foi Aquilino, as suas obras chegaram mesmo a fazer parte do programa escolar de português (O Romance da Raposa), apenas reforçando a importância da sua obra. Alguns dos livros que foram destacados na conversa com o seu neto foram “Cinco réis de gente”, que representa a infância do autor, seguido pela obra Uma luz ao longe, que nos fala sobre o período que passou no Colégio da Lapa, no seminário. As suas opiniões políticas e os movimentos que defendia contra o Estado Novo, pois o próprio se assumia como republicano, tornaram-se mais evidentes após o lançamento do seu livro “Quando os lobos uivam”, que nos conta a história de um grupo de agricultores que se revolta exatamente contra o Estado Novo. Este livro, à semelhança de outros do autor, foi proibido pela Censura, e Aquilino acabou por ter de ir a tribunal.

Aquilino Machado, destaca, no entanto, uma das obras do seu avô, que este considera “uma obra-prima”, A Casa Grande de Romarigães, um dos livros mais impactantes da literatura portuguesa do século XX, e um dos romances históricos mais notáveis da Europa.

A vida de Aquilino ficou marcada pelas suas fortes opiniões da sociedade portuguesa e do seu governo na altura, e atrás não ficam as suas obras, um tanto ou mais marcantes quanto as suas posições políticas. É um autor intemporal que merece de facto ser celebrado, e nunca deixado cair no esquecimento.


Carolina Silvestre
Sara Moreira 



     

      

        


3 de maio de 2023

1/5 filmes na biblioteca



De 3 a 10 de maio vai decorrer na biblioteca um ciclo/apresentação de filmes, sem som, selecionados a partir de movimentos/correntes artísticas contemporâneas. 





24 de abril de 2023

Concurso Nacional de Leitura - fase intermunicipal - Alcácer do Sal



No dia 21 de abril aconteceu mais um dia de Festa da Leitura e foi, sobretudo, um dia de emoções!

Pelas 8h00, a comitiva das escolas de Sines composta por 16 alunos, do 3.º ao 11.º anos, três professoras bibliotecárias e uma bibliotecária municipal rumou em direção a Alcácer do Sal numa carrinha gentilmente cedida pela Câmara Municipal de Sines.
A viagem correu bem e no Auditório, local de realização de sonhos, dirigimo-nos à receção para cumprir as formalidades necessárias e aí aguardámos ansiosamente o início das atividades, ou seja, a tão amaldiçoada prova escrita que teria carater eliminatório.
Até aqui, todos os sonhos permaneciam vivos e realizáveis!

Mas, eis que surge o momento da chamada ... 1.º ciclo, 2.º ciclo, 3.º ciclo, secundário... Entram todos e as portas fecham-se...
Alunos, lá dentro! Ansiosos, nervosos, uns mais que outros... Cá fora, as professoras! Também ansiosas, também nervosas...
Trinta minutos volvidos, abrem-se as portas (as mesmas) e vemos sorrisos, olhos brilhantes, mas não em todos... rapidamente, percebemos que o nervosismo tomou conta da caneta de alguns e desviou a cruz (X) para a opção errada, neles o sorriso estava ausente ou forçado e os olhos espelhavam tristeza. Então, os mais fortes tratam de confortar os mais fragilizados, os mais inseguros e, todos, acalentamos, de novo, a esperança!

De seguida, não havendo proposta de animação pela organização, decidimos ir ver o rio. Juntos, unidos, confiantes partimos à descoberta de Alcácer...
E é, neste momento, que o improvável, ou talvez não, acontece! Os alunos mais velhos acarinham e cuidam dos mais novos, dão as mãos, caminham lado a lado, conversam, brincam juntos... É bonito! Tão bonito! As professoras sentem orgulho no grupo criado em torno da leitura.
Meio-dia, é tempo de alimentar o corpo para dar força à alma e repor energias para a etapa mais apetecida - a subida ao palco.
Na escola Básica Pedro Nunes somos bem recebidos, almoçamos tranquilamente e regressamos au auditório. Aí, enquanto esperamos, há quem leia os textos mais uma, duas,... as vezes necessárias, quem treine a entoação, ... quem ocupe o tempo com o telemóvel, quem converse animadamente...

14h30! Hora de decisões! "Será que serei um dos cinco apurados, por ciclo, para subir ao palco para prestar as provais orais?" Esta é a pergunta que cada um se coloca quando passa pelas portas e se dirige ao lugar na plateia.
Aguardamos, sentados, desta vez confortavelmente, mas uns mais animados que outros...

O animador dá início às atividades e começa a chamar os cinco apurados do 1.º ciclo. E o grupo entra em euforia, Sines está presente quer neste ciclo quer em todos os restantes! Não falhamos nenhum. Temos representantes nos 4 ciclos. O grupo aplaude antes, na subida ao palco, depois de cada atuação (leitura e argumentação).

Como o tempo voa... Já está! Agora, é tempo do jurado deliberar e do animador de serviço, o "pior" contador de histórias, o argentino Rodolfo Castro, animar o público e tentar aliviar a ansiedade dos que aguardam o veredito.
Eu mantive-me confiante, senti, de imediato, que a Margarida e a Sara iam subir ao palco para receberem o tão desejado certificado que as colocaria na final. Foram maravilhosas. Leram exemplarmente com emoção e argumentaram calma e sabiamente. Quando assim acontece, a vitória é certa!

Chega, finalmente, o momento tão sonhado! Rodolfo começa pelo secundário e chama os dois candidatos apurados: Sara Moreira, obviamente, era um dos nomes; continua a chamada do 3.º ciclo e lá vai a nossa Margarida Carreira! Fabuloso! A ESPAB ficou muitíssimo bem representada. Parabéns! Sois brilhantes! tenho orgulho em vós!

Segue o 2.º ciclo, Sines continua em grande. Os dois lugares são preenchidos pela Matilde e pela Núria, ambas do Agrupamento de escolas. Foi o delírio! O grupo eufórico, aplaude e sorri... Dos oito candidatos apurados para a final, nesta fase intermunicipal, a tão desejada final, Sines apurou quatro.
Parabéns! Desta vez foram só meninas.

Obrigada, Vasco, Beatriz, Fábio e Rita por terem tão bem representado a nossa escola. Nem todos podem vencer, já o sabíamos, mas chegar até aqui é muito bom e ser leitor é ainda melhor! Vamos apoiar as nossas meninas a brilhar na final! Conto convosco!

Sou igualmente grata aos alunos participantes do Agrupamento de Escolas de Sines que se uniram e aplaudiram os alunos da nossa escola; às professoras de português que aceitaram entrar nesta aventura; à direção da escola que nos apoiou em tudo; aos membros do júri, nas diferentes fases do concurso (é o trabalho mais inglório); à equipa do Centro de Artes e da Biblioteca Municipal; à Câmara Municipal de Sines; à nossa coordenadora das bibliotecas escolares, Lucinda Simões, sempre presente, sempre disponível; às minhas companheiras de luta, as professoras bibliotecárias e claro à minha equipa fantástica. Sem elas não teria levado esta iniciativa a bom porto. Não me levem a mal, mas vou citar os seus nomes: Cristina Vilhena, Noélia Carrasquinho, Cláudia Pedrosa, Quitéria Gaspar Gaspar e @Alexandra Baião.

Agora, rumo à final! Contamos convosco para a nova e última fase.
Daremos notícias.

A professora bibliotecária, Graciosa Reis
















17 de abril de 2023

Um Livro, Uma Comunidade - Tertúlia


No dia 29 de março, realizou-se a quarta  tertúlia do ano letivo, tendo a conversa e a partilha de leituras incidindo sobre as obras do escritor João Pinto Coelho, uma vez que contaremos com a sua presença no dia 26 de maio. Facultaremos mais informação em tempo útil.  

Contudo, esta tertúlia saiu um pouco fora da norma, uma vez que havendo duas "tertuliantes" que festejavam o seu aniversário, fomos surpreendidos pela voz suave e incomparável da Ana Zorrinho que leu dois poemas: um de António Gedeão e outro da Natália Correia. Foi um momento emocionante.

Estiveram presentes quatro alunos, uma encarregada de educação, uma assistente operacional, nove docentes, uma técnica especializada, uma psicóloga, uma ex-aluna e uma ex-professora.
A conversa foi animada e motivadora porque quantos mais leitores, mais diversas são as partilhas e enriquecedoras porque todas diferentes.  Para alguns dos presentes foi a descoberta do autor para outros foi o reanimar a memória de livros lidos anteriormente. 
Finalizou-se a tertúlia com chá e dois deliciosos bolos e como também é habitual, para este momento surgem sempre mais uns pretensos "tertuliantes".   


Para a tertúlia de maio, vamos ler romances históricos. A equipa apresentará algumas sugestões.



Opinião 


Mãe, Doce Mar, de João Pinto Coelho



João Pinto Coelho é cada vez mais um dos meus autores de eleição. Já me (nos) habitou a romances fortes, emotivos, marcantes e com finais surpreendentes, pelo que peguei neste livro com uma enorme expectativa porque era o seu novo livro que aguardava com ansiedade e porque já havia ecos muito positivos e que anunciavam novidades, mudança de tema. Mais curiosa e expectante fiquei quando o ouvi no Café com Letras.

Em Mãe, Doce Mar, o autor transporta-nos para o seu mundo, para o seu íntimo. E percebemos, de imediato, logo na primeira frase, que não ficaremos indiferentes à nova narrativa de JPC.
“Tinha doze anos quando conheci a minha mãe – esta frase dá para tudo, até para abrir um romance.
E, no meu caso, é verdade.”

E, assim, com um aperto no coração partimos à descoberta de Noah, de Frank e de Patience. A cada uma destas personagens, o autor dedicou capítulos próprios, que nos revelam, na primeira pessoa, flashes importantes das suas vidas e que, apenas, no final encaixam de forma surpreendente e fascinante.
O autor é exímio na construção do seu enredo, quando pensamos que nos vai revelar algo, ei-lo que trava e que cria uma pausa que nos deixa suspensos e nos força a ler e a ler numa busca incessante e que se vai tornar avassaladora. Eis um exemplo: “Não quero ir mais longe, revelar se o seu [da mãe] abraço teve o aperto perfeito ou até se aquelas lágrimas foram um caudal de culpa ou outra coisa qualquer.” (p. 9)

Sendo um romance autobiográfico nem sempre é fácil discernir onde entra a ficção. Também não faço questão de o saber. Não é importante. O que interessa mesmo é absorver a história que nos é narrada, desfrutar do poder e da força da escrita, sentir o prazer de uma boa leitura.

João Pinto Coelho neste romance enveredou por um novo caminho, saiu da sua zona de conforto conquistada merecidamente com três romances fabulosos, e não desiludiu. Pelo contrário, veio confirmar que é detentor de uma escrita bela, trabalhada como se de uma escultura se tratasse. Uma escrita sincera, extremamente humana que revela dramas, sofrimento, solidão,… neste caso, distancia-se do sofrimento colectivo para se centrar no “eu”. E que bem o fez. Como soube usar a metáfora do mar, ora calmo e contemplativo, ora tempestuoso para evidenciar os estados de alma das personagens.

Para concluir, resta-me sossegar JPC e dizer-lhe que pode continuar a confiar nos seus leitores, que, atentos, saberão ler nas entrelinhas, mesmo naquilo que não foi dito e que as luzes ficaram acesas. Brilhantes. Flamantes.

Graciosa Reis

13 de março de 2023

Visita ao CRASSA


No dia 1 de março de 2023, as turmas do 8.ºA e o 8.ºE da Escola Secundária Poeta Al Berto de Sines, foram ao Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André (CRASSA) no âmbito das disciplinas de Ciências Naturais e Físico-Química, no Domínio de Autonomia Curricular (DAC).

Nesta visita de estudo os alunos assistiram a uma palestra apresentada pela bióloga Carolina Nunes sobre o que se faz no centro de recuperação e como eles trabalham na recuperação dos animais. Mais que tudo isso, foi uma palestra para sensibilizar os alunos para a forma como podemos ajudar os animais selvagens que encontramos feridos ou a precisar de ajuda.

De seguida, os alunos fizeram uma visita guiada pelas instalações do centro, as turmas dividiram-se em quatro grupos de dez elementos, um dos grupos foi com a bióloga Carolina ver a cozinha (onde preparam a comida para os animais) e os espaços onde os animais estavam a descansar ou em recuperação, enquanto outro grupo foi ver a enfermaria e o laboratório. Quando estes grupos acabaram a visita trocaram para que todos pudessem ver as instalações, os restantes grupos ficaram a lanchar à espera dos outros grupos acabarem a visita.






Turma 8.ºA, Mariana Cabral e Dinis Duarte