22 de maio de 2023

Aquilino Ribeiro - Celebração dos 60 Anos da sua morte



No passado dia 20 de abril, pelas 10:30H, inserido nas comemorações dos 60 anos da morte do escritor Aquilino Ribeiro, a Biblioteca da Escola Secundária Poeta Al Berto promoveu uma conversa sobre o romancista e contou com a presença do neto, Aquilino Machado, e da investigadora e coordenadora das comemorações, professora Celina Arroz.
A atividade foi dirigida aos alunos de Línguas e Humanidades do 12.º ano e contou, ainda com a participação de duas alunas do 10.º C que compuseram o texto que a seguir publicamos.


Aquilino Ribeiro

Celebração dos 60 Anos da sua morte



Aquilino Gomes Ribeiro, (13 de setembro de 1885, Sernancelhe, Viseu - 27 de maio de 1963, Lisboa), nascido da união entre um padre e uma camponesa, sendo o último dos quatro filhos do casal, revelou-se uma grande presença na literatura portuguesa.

O seu neto, Doutor Aquilino Machado, fala sobre o seu avô na biblioteca da Escola Secundária Poeta Al Berto em prol da celebração dos 60 anos da sua morte.

Aquilino Ribeiro é natural de uma terra humilde, descrita pelo seu neto como “paisagem pobre”, na Beira Alta, onde vivia num seio familiar onde existia uma mãe analfabeta, o que é curioso já que Aquilino tinha “uma cultura muito vasta mas estava com aqueles com quem cresceu e viveu”. Aquilino Machado descreve o seu avô como “um beirão com personalidade muito forte [...] tinha uma prosa fascinante, era fácil de ler, com uma personalidade muito marcada, era um homem do povo” e refere que sente “o peso de ser neto de um escritor com grande relevância”.

Com 18/19 anos, Aquilino vai para Lisboa onde procura lutar pelos valores da República, segundo o seu neto, "sendo um homem do campo, queria aprender mais e defender valores democráticos”. Aquilino Machado refere que o seu avô era um homem com grande cultura, que falava várias línguas, como, francês, espanhol e italiano, sabendo ainda ler latim.

Apesar de ser filho de um padre e ter tido uma educação católica, Aquilino Ribeiro nunca batizou os seus filhos, o seu neto diz ainda: “Tem uma escrita franciscana, dava-se bem com a Igreja apesar de ter lutado contra ela”.

Em épocas de Estado Novo, em Paris, Aquilino conhece a sua primeira mulher, uma alemã, aluna de uma universidade parisiense, e com ela tem um filho, Aníbal Aquilino Ribeiro. Dá-se a Primeira Guerra Mundial e a sua mulher acaba por falecer num movimento antiestado novo; pouco tempo depois Aquilino conhece e casa com a sua segunda mulher, avó de Aquilino Machado. No final dos anos trinta até aos anos cinquenta, Aquilino encontra estabilidade e escreve de forma corrente, Aquilino Machado refere a liberdade que, para seu avô, era apenas encontrada na escrita (“Sofre por escrever e ser sempre livre, era através da escrita que o meu avô era livre.”). A sua escrita, na época, é descrita pelo seu neto como “escrita que fica para sempre, há uma dimensão cívica, muito interessante”.

A escrita de Aquilino é retratada como “difícil” pelo seu neto, este refere ainda que descobriu a escrita do seu avô tarde e conheceu-o através da sua avó (“Conheci o meu avô através da oralidade da minha avó, algo que me facilitou a entrada no unir do Aquilino”). Como Aquilino viveu nos séculos XIX e XX, onde os tempos eram outros, Aquilino Machado diz: “O Aquilino narra um mundo que já desapareceu [...] fala sobre um mundo que já não é o nosso, não só as palavras, mas também a paisagem [...], é um autor que fala sobre a ruralidade, o campo, retrata a vivência de um homem do campo”.

Apesar de hoje já não existir tanto destaque para o incrível escritor que foi Aquilino, as suas obras chegaram mesmo a fazer parte do programa escolar de português (O Romance da Raposa), apenas reforçando a importância da sua obra. Alguns dos livros que foram destacados na conversa com o seu neto foram “Cinco réis de gente”, que representa a infância do autor, seguido pela obra Uma luz ao longe, que nos fala sobre o período que passou no Colégio da Lapa, no seminário. As suas opiniões políticas e os movimentos que defendia contra o Estado Novo, pois o próprio se assumia como republicano, tornaram-se mais evidentes após o lançamento do seu livro “Quando os lobos uivam”, que nos conta a história de um grupo de agricultores que se revolta exatamente contra o Estado Novo. Este livro, à semelhança de outros do autor, foi proibido pela Censura, e Aquilino acabou por ter de ir a tribunal.

Aquilino Machado, destaca, no entanto, uma das obras do seu avô, que este considera “uma obra-prima”, A Casa Grande de Romarigães, um dos livros mais impactantes da literatura portuguesa do século XX, e um dos romances históricos mais notáveis da Europa.

A vida de Aquilino ficou marcada pelas suas fortes opiniões da sociedade portuguesa e do seu governo na altura, e atrás não ficam as suas obras, um tanto ou mais marcantes quanto as suas posições políticas. É um autor intemporal que merece de facto ser celebrado, e nunca deixado cair no esquecimento.


Carolina Silvestre
Sara Moreira 



     

      

        


3 de maio de 2023

1/5 filmes na biblioteca



De 3 a 10 de maio vai decorrer na biblioteca um ciclo/apresentação de filmes, sem som, selecionados a partir de movimentos/correntes artísticas contemporâneas.