5 de abril de 2024

Retrospetiva - Um Livro, Uma Comunidade


No âmbito da Festa da Leitura e do Livro, que integram as atividades da Semana da Leitura promovida pela RBE, realizou-se mais uma tertúlia literária,  no dia 20 de março, pelas 14h30. Desta vez, a temática das leituras incidiu em livros escritos por mulheres - Literatura no Feminino.

Cada tertuliante apresentou o seu livro e respetiva autora. 
A conversa foi animada e motivadora para novas leituras. A realização da tertúlia literária já se tornou uma excelente prática da biblioteca escolar. É importante promover este tipo de atividade já que desenvolve hábitos de leitura, dá a conhecer novos autores e permite, sobretudo,  aos alunos emitir uma opinião crítica em relação às sua leituras. 
Nesta sessão estiveram presentes 4 alunos, 6 professores e dois assistentes operacionais/técnicos. 
Como já é habitual, finalizou-se a tertúlia com chá e bolinhos. 

Livros lidos:




Opinião

Um quarto só seu, de Virginia Woolf

Virginia Woolf, neste seu fabuloso ensaio, relata-nos as duas conferências proferidas em 1928, em duas faculdades da Universidade de Cambridge para jovens universitárias sobre o tema "As mulheres e a ficção".
Nas suas conferências, a autora vai tentar explicar (palavras suas) a relação entre as mulheres e a ficção e “um quarto só seu”. É com esta questão que inicia a sua palestra.

Ana Luísa Amaral no prefácio considera-o um dos ensaios mais influentes do seculo XX sobre “a relação das mulheres com a escrita, a sociedade e o processo de criação literária.”
E quem sou eu para discordar. Bem pelo contrário, assumo que fiquei extasiada pela escrita e pelos argumentos apresentados. Argumentos perspicazes, irrefutáveis, sensíveis e provocatórios. (Tenho o livro profusamente sublinhado e anotado)
Coloquei-me no papel de ouvinte e absorvi cada palavra dita/escrita.

Virginia Woolf apresenta uma análise clara e concisa do papel da mulher na literatura. Explana com exemplos inequívocos como as mulheres foram ridicularizadas e excluídas do mundo da escrita, quer por limitações financeiras e falta de oportunidades quer por mero preconceito de género. Patenteia, ainda, a transversalidade da condição sexual feminina face à criação literária; a discriminação sofrida, o silenciamento da sua escrita; a dificuldade de acesso à leitura. Em suma, aponta as desigualdades educacionais, sociais e económicas que a mulher enfrentou ao longo da história e defende que uma mulher, se quiser escrever ficção, isto é, criar, precisa de dinheiro e de um quarto só seu. E “tem de haver liberdade e tem de haver paz”.

Mas, Virginia Woolf vai mais longe e na sua “divagação” como refere, encoraja as ouvintes a escrever “como mulheres” e mais uma vez exemplifica, revelando as dificuldades vividas por mulheres que ousaram escrever e contrariar “as limitações do seu sexo” como argumentavam os críticos no “seio de uma sociedade puramente patriarcal” . Woolf persegue a sua exortação, demonstrando o talento, o génio de quatro grandes romancistas inglesas – Jane Austen, as irmãs Charlotte e Emily Brontë, George Eliot (pseudónimo de Mary Ann Evans).
Não vou alongar-me mais, pois as suas palavras que merecem ser lidas são bem mais poderosas e elucidativas.

Concluo, afirmando que Virginia Woolf foi uma mulher muito à frente do seu tempo e que alguns dos temas citados e escrutinados ainda vigoram nos nossos dias. Quase um século depois, o seu texto continua a alimentar muitos debates.
Recomendo vivamente a leitura deste ensaio.

Graciosa Reis

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