Bem ao estilo de Saramago, este livro é uma sátira à sociedade, aos vícios do reino no tempo das descobertas.
Tendo a figura de Luís de Camões e a publicação do seu livro maior Os Lusíadas, após o regresso da Índia, como ponto fulcral deste texto dramático, Saramago põe em evidência a miséria mental da corte e dos poderosos que a integram, o oportunismo, as influências, e o poder da Inquisição.
Luís de Camões obteve finalmente, e porque estava bem recomendado, o parecer positivo para requerer a licença de impressão do seu livro. Este foi-lhe lido pelo próprio Frei de Bartolomeu Ferreira (censor do Santo Ofício) que, de entre outros aspetos, nele refere:
“ … e o Autor mostra nele muito engenho e muita erudição nas ciências humanas.”.
Se neste tempo, a arte e a genialidade não eram reconhecidas, ou apenas por uma minoria, o mesmo se passa nos nossos dias. E é esta a intenção principal de Saramago ao escrever este livro, ora vejamos: “ Não, minha mãe, não estou conformado. Vivo em Portugal. Sei o que a experiência me ensinou. Que assim como se diz que não há dinheiro que pague o talento e o engenho, também se deveria dizer que por isso mesmo ninguém os quer pagar. Enfim, não percamos nós o ânimo. Quando o meu livro estiver publicado, talvez que el-rei mande dar-me uma tença.”
A leitura desta peça poderá servir de contextualização à abordagem da obra Os Lusíadas, nos diferentes níveis de ensino.
Graciosa Reis
Sem comentários:
Enviar um comentário
É muito importante, para quem faz a gestão deste blogue, ter a sua opinião sobre os artigos publicados. Participe!! Deixe o seu comentário!!