19 de janeiro de 2012

Testemunhos Deslumbrantes de Leitura






“fala de uma criança com a alma torcida pela fé. torcida e iluminada, como quem acredita que é santo e que é inegável que nada é casual. que a vida não se vive sem um gesto atento dos enviados de deus. este livro fala-nos do benjamin que vê o desenrolar trágico da sua aldeia e sente que os seus olhos, gestos, vontades e desejos têm um poder nunca antes sequer imaginado nas mais torcidas lendas religiosas. e benjamin quase podia ter sido uma criança normal se não acreditasse neste seu poder de escrever a história sempre trágica. o benjamin é a "criança mais triste do mundo" sobretudo porque é uma criança que ama desmesuradamente todas as pessoas de quem não pode acreditar infinitamente na salvação. a sua mãe, a sua tia pecadora, a professora que conversa com ele em cima do telhado da escola, a germana que desenha corações na praia onde cabem os dois lá dentro, o manel, melhor amigo, santo como benjamin, filho da primeira de muitas tristezas. é um livro triste sim, mas um livro sobre o poder que temos sobre as vidas uns dos outros, sobre o modo como temos todos os braços entrelaçados e tomamos conta das mãos uns dos outros. mais uma vez o valter ensina-nos a existir, a perceber, a "guardar tudo no peito e começar a perceber".

Esta escrita é vento, magia, uma tempestade. um sobressalto a cada palavra. uma verdade a cada final de frase.


o valter é muito grande. este livro é muito grande. é escuridão e uma salvação intrínseca. e chegar aí é, claro e sempre, muito raro.


1 comentário:

  1. A grandeza de Valter Hugo Mãe confirma-se nos últimos romance que escreveu "A Máquina de fazer espanhóis" e o "Filho de Mil-Homens" e que são fantásticos. Recomendo vivamente!

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