11 de março de 2022

Semana da Leitura | 9 março: Tertúlia Literária

No terceiro dia, realizou-se, na biblioteca escolar, mais uma tertúlia literária. Em discussão estiveram os livros de Tiago Salazar uma vez que o autor esteve, no dia anterior, na biblioteca à conversa com alunos, professores e funcionárias.

Para uma conversa interessante e amena compareceram sete docentes, dois alunos, uma assistente operacional e ainda uma turma inteira (9.º C) que veio com a curiosidade de perceber o que é uma tertúlia.
Foi uma sessão diferente porque como a maioria dos presentes assistiu à conversa com o autor, as opiniões focaram-se sobretudo na sua prestação e interação com os alunos, do dia anterior. Falou-se também das suas obras e do seu percurso profissional e literário.
Como já é habitual, finalizou-se a tertúlia com chá e bolinhos.

No final, ficou decidido que para a próxima tertúlia, a realizar em maio, iremos ler uma autora africana.






OPINIÃO

A possibilidade de “parir um escrito”, este escrito, como refere o autor no prólogo chegou-lhe por email “Assunto: pirata. Conteúdo: açoriano, das Flores, Lages. Nome: António de Freitas. «Tens aqui o teu próximo livro», escreveu em apenso. Doravante era comigo.” (p. 11) e assim surgiu um romance histórico e de aventura que relata a viagem de António e do seu amigo Fernão que descontentes com a “vida beata” que levavam no Seminário de Angra e almejando ambos um futuro melhor, decidiram fugir e partir em busca de riqueza.
“Duas almas imberbes entregues a um rebanho de padres excitados pela castidade, obrigados a actos de contrição e a limpar as culpas com penitências (…) veio a nascer este ímpeto de escaparmos ao purgatório da ilha.” (p. 19)
Fernão que gosta de ler e de escrever vai ter a função de narrar todas as peripécias de pirataria, de crime, de corrupção, de libertinagem …

Gosto da escrita cuidada do autor e do rigor como enquadrou o enredo no tempo e no espaço históricos e culturais. Estruturado em duas partes – Uma Longa Jornada e A Oriente – o romance descreve, na primeira, as aventuras extraordinárias, por vezes cruéis, da viagem nos mares e na segunda, a vida “pecaminosa” levada em Macau rodeados de prazeres, mas também de malvadezas, de negócios ilícitos mantidos durante anos (tráfico de ópio, casas de prazer e de jogo). Tudo em prol de um enriquecimento louco, ávido e sem escrúpulos.
“Assistíamos e cometíamos estas vis malvadezas com confessa alegria, nem que fosse pelo sucesso de arrecadarmos os espólios, sem nos vermos na triste condição dos espoliados, “ (p. 74)
e
“O ingénuo aspirante a seminarista dera lugar ao astuto bandido, nada lhe molestando a consciência.” (p. 145)
O carácter dos dois piratas açorianos retratado no romance, transporta-nos para o tempo dos descobrimentos, em que os portugueses foram arrojados, inovadores e aventureiros.

Graciosa Reis

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